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terça-feira, 24 de maio de 2011

Pinto da Costa: «Villas-Boas é inegociável, jogadores só saem pelas cláusulas»

Jorge Nuno Pinto da Costa recebeu esta segunda-feira a jornalista Fátima Campos Ferreira no Estádio do Dragão para uma longa entrevista à RTP1. Nesse encontro, o presidente portista fez-se acompanhar das quatro taças ganhas esta temporada, para falar do sucesso azul e branco, em Portugal e na Europa, e projectar a próxima época.

Eis as frases mais relevantes do dirigente máximo dos dragões:

Questão do número de títulos (superior ou igual ao rival Benfica?) «Não sabia dessa polémica porque não leio esse jornal [A Bola]. No desportivo que eu leio vem precisamente o contrário, que o FC Porto tem mais um título. Não sei o que é isso da Taça Latina, uma competição a que se vai por convite, não sei se conta. Não sei nem estou preocupado com isso. Interessa ganhar alguns títulos e continuar a ganhar mais. O que eles [Benfica] têm já é passado, faz parte da história, e disso não percebo muito.»

«A marca que eu imprimo em tudo o que diz respeito ao FC Porto e à SAD assenta fundamentalmente  em quatro pilares fulcrais: competência, rigor, ambição e paixão. Conseguindo, como consigo, ter à minha volta todas as pessoas com esses requisitos torna-se tudo mais fácil. Aqui todos ganham porque normalmente têm esses requisitos.»
«Não concebo indisciplina simultânea com sucesso. Sem rigor não há nada, desde o meu primeiro assistente ao mais modesto colaborador do FC Porto, todos são competentes naquilo que fazem e fazem-no com gosto. Quando verifico que alguém não tem esses quatro requisitos essenciais a porta de entrada também serve para sair. Este ano, por exemplo, era interessante reler o que muitos escreveram sobre Villas-Boas quando eu o contratei. Disseram que mandei embora um consagrado para trazer um miúdo, mas eu tinha toda a certeza quando o contratei e aqui estão as provas.»
Mourinho e Villas-Boas são comparáveis? «Não há nenhum treinador comparável com outro. Só a competência pode ser comparável. Todos são diferentes, psicologicamente, nas concepções de jogo, no relacionamento com jogadores... Felizmente tenho tido treinadores muito competentes. Felizmente sou amigo de todos, ou quase todos, os que aqui passaram. O André Villas-Boas tem uma vantagem muito grande sobre quase todos os outros: é portista. Para além da paixão pela profissão e pelo futebol é tão portista quanto eu.»

«Não sou treinador de bancada. Converso com os treinadores sobre generalidades, trocámos impressões, mas nenhum treinador pode dizer que eu mandei fazer isto ou aquilo em relação à equipa.»

«Não há um prazer maior quando ganho contra o Benfica. Quando se vence é sempre bom. Agora, é óbvio que há vitórias que não sabem tão bem. Eu queria ganhar em Dublin, é óbvio, se pudesse ganhar por 2-0 não ganhava por 1-0, mas dá-me algumas reticências festejar porque me dou muito bem com muita gente do Sp. Braga, desde o presidente, ao Domingos, etc. Em Dublin não me manifestei efusivamente por respeito a essas pessoas. Mas é evidente que quando se ganha, como nós ganhamos ao Benfica, cilindrámo-los na supertaça, ganhámos por 2-0 quando tudo dizia o contrário, quando se dá 5-0, quando se ganha um campeonato na Luz – sem luz – como nós fizemos, quando se ganha uma Taça de Portugal na Luz – agora com luz –, é óbvio que a forma como essas vitórias são alcançadas dão mais felicidade, são mais sentidas até pelos jogadores, como se viu.»
Futebol crispado? «Não concordo. Disputámos duas finais importantíssimas, em Dublin e Oeiras, uma com um clube com quem temos óptimas relações, outro não, mas as duas finais foram exemplo de correcção dentro e fora do relvado. Recebi até uma carta do Platini a felicitar o FC Porto pela vitória em Dublin e a dizer que o que lá se passou foi um exemplo para o futebol. Não sou juiz pra dizer que este ou aquele é o culpado [por algum mau ambiente].»

Quanto à queixa na PGR sobre o alegado jantar com o árbitro holandês do jogo com Villarreal:  «No noticiário da SIC não se falou da conquista da Taça de Portugal, mas sim desse caso. É ridiculo, é de uma baixeza tremenda. A UEFA, perante a pseudo-denúncia do jornal Marca, fez imediatamente um inquérito para resolver essa questão, chamou delegados da UEFA, chamou os observadores do árbitro, todos disseram o mesmo: não houve nada. Não conheço o árbitro, aliás jantei noutro restaurante, naquele onde um benfiquista foi cobardemente e barbaramente agredido, mas não apareceu ainda para fazer curativo em lado nenhum nem apresentou queixa na Polícia. Esta notícia ridícula, que vai dar trabalho e que vai gastar dinheiro, ficará por aí. Nunca, em situação alguma, eu e o Reinaldo Teles tivemos o mínimo contacto com o árbitro.»

Sobre a Comissão Disciplinar da Liga e os castigos do ano passado: «Não tenho de perdoar o Ricardo Costa. Não sou padre. Esse senhor não faz parte das minhas preocupações, mas não posso esquecer que ele aplicou indevidamente um castigo ao Hulk, de 17 jogos, quando a Justiça Superior desportiva garantiu que ele apenas poderia ter sido castigado por três jogos. Como era acusado de ter influência na Liga, não quis apoiar ninguém, mas não critico quem está porque já são outros e não me deram motivos para criticar.»

Sobre o futuro das «estrelas» e do treinador: «Espero não vender o Hulk. Não posso dizer nunca, porque ele e o Falcao têm cláusulas de rescisão. Ainda hoje o Hulk disse que não queria sair, que não era doido para mudar de clube. Por minha vontade não vendo! Mas há cláusulas... Estou a tratar da renovação do Falcao, que já manifestou a vontade de o fazer, de continuar. Quanto ao André Villas-Boas, é inegociável. Primeiro porque não quer sair, especialmente porque tem a mesma paixão pelo clube que eu tenho. Se ele não tivesse essa paixão, até admito que pudesse sair. Mas se vierem cá com a cláusula de 15 milhões de euros, que para vários clubes não é significativa, ele não vai sair na mesma.»

«Orçamento se calhar vai ter que subir, embora o André [Villas-Boas] me tenha dito há dois dias que se não sair ninguém não é preciso entrar ninguém. Não é preciso fazer compras. Quanto ao passivo, posso-lhe dizer claramente que é de 70 milhões e 684 mil euros. É um orçamento equilibrado, controlado, que não obriga a vender ninguém.»

E a Câmara do Porto, que continua fechada para o FC Porto? «Eu tinha pena era se a Câmara tivesse lá a porta aberta e o presidente à nossa espera e nós perdessemos. Assim, ganhámos, o povo festeja, o povo é feliz, é o que interessa. Não me faz diferença que o sujeito abra a porta e feche a janela, não quero saber. Há fedorentos a louvar o Rui Rio por fazer o que faz, porque não gostam de ver promiscuidade, mas em Lisboa, quando abrem os Paços do Concelho para receber o Benfica, como aconteceu no ano passado, já ninguém critica. Acho que o Dr. António Costa faz muito bem em abrir a porta, porque isso acontece em todo o mundo!»

Sobre a sucessão, quando lhe foram sugeridos os nomes de Vítor Baía e Antero Henrique: «Só há sucessores nas monarquias. Aqui, no FC Porto, quando eu terminar vai haver eleições e vai aparecer muita gente capaz. Não vou dizer nomes, mas podia-lhe apresentar meia dúzia de candidatos que, com qualquer um na liderança, eu não me preocupava com o futuro do FC Porto. Espero ter saúde por mais uns anos mas não limito a minha continuidade, ou não, a essa questão. Enquanto tiver alegria para me levantar e vir trabalhar para o FC Porto por aqui continuarei. [...] Perguntaram-me recentemente como conseguia ficar tão contente ao cabo de tantos títulos. A mim pessoalmente, mais taça, menos taça, já não mexe muito comigo, mas fico feliz especialmente por ver os que acompanham o FC Porto a celebrarem títulos.»

Como referi na noticia do interesse de Falcao e Hulk por parte do AT. Madrid, que só saíam pela cláusula aqui está a prova como o presidente Pinto da Costa qualquer jogador que saia do clube só pela cláusula.

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