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sexta-feira, 1 de julho de 2011

«Clube tão grande como os maiores da Europa»

«Clube tão grande como os maiores da Europa».
 
105 ANOS A CUMPRIR O SONHO DE JOSÉ ALVALADE.Parabéns e muitos anos de vida e de conquistas.
 
 

 
“Um grande clube, tão grande como os maiores da Europa” foi a profecia lançada por José Alvalade, fundador do Sporting Clube de Portugal, logo no início, em 1906. Mais de um século depois, milhares de títulos em numerosas modalidades garantiram que se cumprisse o sonho.
Logo à nascença, o Sporting surgiu como mais do que um clube de futebol, embora essa tenha sido a modalidade na origem de tudo. Além do “foot-ball”, ténis, corridas e saltos (atletismo), exercícios físicos (ginástica) e luta de tração à corda estiveram no arranque e, pouco depois, já se praticava críquete, hóquei em campo, esgrima, ciclismo e mais dezenas que foram aparecendo ao longo de uma história verdadeiramente eclética.
Dérbi
Mas foi sempre o futebol a dominar a vida do Sporting. O primeiro dérbi aconteceu a 1 de dezembro de 1907, ainda o Sport Lisboa e Benfica não tinha nascido. Foi na estreia da camisola bipartida verticalmente de branco e verde (conhecida como “Stromp”) que os leões venceram (2-1) o então Sport Lisboa, em Sete Rios.
A história leonina vai muito além do futebol: Alfredo Trindade, Moniz Pereira, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Carlos Lisboa, António Livramento, Naide Gomes, Pedro Alves, Marco Chagas, Rui Silva, Ricardo Andorinho, João Benedito, Miguel Maia, Francis Obikwelu, Joaquim Agostinho... e tantos outros fazem da história do Sporting Clube de Portugal uma história de glória e prestígio.
Mas o futebol é e sempre foi o primeiro desporto no reino do leão. Começando em Francisco Stromp, passando pelos míticos cinco violinos, por Osvaldo Silva e Hilário e a maravilhosa equipa que venceu a Taça das Taças, continuando com Vítor Damas e Yazalde, Jordão, Manuel Fernandes ou António Oliveira, passando por Futre, Balakov, Figo, Pedro Barbosa, Schmeichel, Jardel e João Vieira Pinto, terminando em Cristiano Ronaldo, Quaresma e Nani, o Sporting contou com alguns dos melhores jogadores que já pisaram um relvado em Portugal.
Campeão Nacional de Futebol por 18 ocasiões, vencedor da Taça de Portugal por 15 vezes e vencedor de sete Supertaças, além de uma Taça dos Vencedores das Taças, o Sporting apresenta um currículo que o transforma num dos grandes do futebol nacional, mas também um clube respeitado em toda a Europa e mundo fora.
Os leões gabam-se, entre muitos feitos, de serem os detentores da maior goleada de sempre numa competição europeia (16x1 ao Apoel Nicósia de Chipre), de terem a maior goleada da história do Campeonato Nacional (14x1 ao Leça) e de serem também os responsáveis pela vitória mais expressiva de sempre da Taça de Portugal (21x0 ao Mindelense).
Entre estes feitos «numéricos» contam-se ainda as maiores goleadas de sempre na Supertaça, Campeonato de Portugal e a maior vitória fora numa competição europeia (0x9) contra os islandeses do Akraness. Pela negativa destacam-se as humilhantes derrotas com o Bayern München, que deram ao Sporting o pouco desejado recorde da derrota pela maior diferença de golos na fase final da Liga dos Campeões.

Mas não é só em relação aos recordes de golos que o Sporting fez história. Contra os rivais FC Porto e Benfica, o Sporting é o autor de goleadas de antologia (FC Porto 9x1, Benfica 7x1) e é também o clube que mais vezes venceu até hoje tanto na casa das águias como na dos dragões.

As origens...
O rótulo de clube elitista que hoje em dia ainda está colado ao Sporting provém dos primórdios da história do clube e do futebol nacional. Não há dúvida alguma quanto ao código genético leonino revelar uma matriz aristocrática. O clube nasceu no seio da aristocracia lisboeta em círculos muito próximos da própria família real. Foi um grupo de rapazes saído das melhores famílias que já tinham antes formado o SC Belas e mais tarde o Campo Grande Football Club que na Primavera de 1906 resolve fundar um novo clube, fartos que estavam do lado social e festivo dos piqueniques, bailes e beberetes em que a agremiação do Campo Grande se tinha especializado.
Em Abril desse ano, José de Alvalade dá o murro na mesa numa reunião do Campo Grande FC, abandonando o clube juntamente com mais 17 colegas e proferindo uma frase que ficou na história de Alvalade: «Vou ter com o meu avô e ele me dará dinheiro para fazer outro clube!»
O avô era Alfredo Augusto das Neves Holtreman, o Visconde de Alvalade, que prontamente cedeu o dinheiro ao seu neto e aos dissidentes do Campo Grande com o objectivo de se criar «um grande clube, tão grande como os maiores da Europa».
Tão entusiasta que era da ideia do neto, o Visconde de Alvalade aceitou ser o primeiro presidente do clube. Com o seu dinheiro e propriedades, o Sporting cedo se tornou num dos clubes mais importantes de Portugal. A 1 de Julho a Assembleia Geral acolheu uma sugestão de António Félix da Costa Júnior para que o nome do clube passasse a Sporting Clube de Portugal.
Em 1920 a data de 1 de Julho foi rectificada como a data oficial da fundação do Sporting, pois só nesse dia o clube assumiu o nome que ainda hoje detém. Tal facto serve como alfinetada para os sportinguistas picarem os rivais que acusam de antecipar a data da sua fundação.
Um leão rampante sobre um fundo verde foi a escolha dos fundadores do clube para emblema: o verde para representar a esperança no futuro e o leão pela sua força e grandeza.
O equipamento era todo branco até 1908, ano em que a camisola ficou bipartida em duas partes iguais de verde e branco. Em 1915 foram adoptados os calções pretos, mas seria só em 1928 que o leão começaria a vestir as camisolas listadas. Chovia copiosamente a 10 de Outubro desse ano e o Sporting perdia ao intervalo com o Benfica. Na segunda parte os futebolistas voltaram ao campo com as camisolas com listas verde e brancas da secção de râguebi do clube, o Sporting deu a volta ao resultado e venceu. O resto é história...
Uma potência nacional
O Sporting cresceu em berço de ouro mas desde cedo extravasou a classe de origem. A equipa de futebol sempre foi o motor de crescimento do clube, mas terá sido o ciclismo nas Voltas a Portugal dos anos 30, no período áureo da rivalidade entre o leão Trindade e o benfiquista Nicolau, que levou a camisola dos leões (e a das águias também) pelo país fora.
Nos anos 40 e 50 com Peyroteo, Albano, Travassos, Jesus Correia e Vasquez - «os cinco violinos» - o Sporting cimentou a sua posição como o clube português com mais títulos, situação que só seria alterada no tempo de Eusébio no Benfica. Conquistando sete títulos em oito épocas e conseguindo o primeiro tetracampeonato, recorde que só seria batido pelo FC Porto mais de 40 anos depois.
O prestígio leonino galgou fronteiras e Travassos foi o primeiro jogador português a ser convidado para uma selecção da Europa. Em 1955 por conta desse mesmo prestígio o Sporting é convidado a participar na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus em substituição do campeão Benfica.
São os leões que dão o pontapé de saída na competição num empate a três com o Partizan de Belgrado no Jamor, sendo Martins o autor do primeiro golo da história das competições europeias. É ainda nesta década que o antigo José Alvalade é inaugurado num encontro contra os brasileiros do Vasco da Gama.
Os anos 60 trazem o primeiro e único troféu europeu que o Sporting ostenta no seu palmarés. Em Antuérpia, um canto directo de Morais chegou para vencer os húngaros do MTK na finalíssima, depois de um conjunto de peripécias: jogos de desempate em terreno neutro, duas finais, uma goleada histórica sobre o Manchester United e um 16x1 para a eternidade.
Segue-se um período em que o Sporting no futebol vive um pouco à sombra dos feitos do velho rival, enquanto nas outras modalidades vai marcando posição como a maior potência desportiva nacional. Yazalde e Damas no futebol, Joaquim Agostinho no ciclismo, António Livramento e a equipa maravilha que ganhou tudo no hóquei marcam esse período dourado.
A década de 80 marca um tempo de declínio do futebol leonino, muito por culpa da ascensão do FC Porto. O Sporting está 18 anos sem vencer um campeonato, entre 1982 e 2000, conquistando pelo meio apenas uma Taça em 1995. Mas nas modalidades ditas amadoras, os leões dão cartas e Carlos Lopes conquista a primeira medalha de ouro de Portugal nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Século XXI
O último decénio do século marca uma nova aposta do Sporting na juventude. O Sporting vê a sua escola ganhar fama e renome internacional e em pouco tempo o clube vê evoluir no seu estádio jovens de elevado valor como Figo, Simão, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma...
Decididos a mudar o rumo do clube, um grupo de notáveis encabeçados por Pedro Santana Lopes «tomam as rédeas» do clube e fundam o chamado «Projecto Roquete». Funda-se a SAD e o Sporting prepara a construção de um novo estádio e de uma Academia.
Em 2000 os leões quebram o longo jejum provocando uma onda verde e branca que percorre o país de Norte a Sul, provando a quem tinha dúvidas a real dimensão e implantação social do Sporting Clube de Portugal. O «triplete» de 2002 (Liga, Taça e Supertaça) foi o último grande sucesso leonino. Em 2005 chega à sua segunda final europeia, desta vez no próprio estádio, para perder 1x3 com o CSKA Moskva.
A conquista de duas Taças de Portugal e de duas Supertaças não contentam os adeptos que desesperam com os falhanços sucessivos na Liga. A primeira década do século vê ainda Figo e Ronaldo serem coroados os melhores jogadores do Mundo, o que torna o Sporting no único clube do mundo a «criar» dois Bolas d´Ouro da FIFA.
Hoje, 105 anos depois, a história do clube que nasceu do sonho de um neto e do seu avô honraria por certo a memória dos seus fundadores. O Sporting é um dos grandes clubes de Portugal e do Mundo. Vencedor de competições nacionais, internacionais em diversas modalidades, com filiais e casas de adeptos nos cinco continentes, com uma massa associativa fiel e numerosa, o futuro dos leões apresenta-se radioso, não fosse o verde a cor da esperança.

 

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